sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A Idéia

A idéia principal de Trindade advém da Trindade Cristã. Um dogma (do grego dokein – significa opinião certa, decreto, axioma), inserido no cristianismo a partir do século 3, que foi ganhando consistência através de concílios e lutas internas para chegar a sua forma final apresentada hoje em dia. Nesse dogma o Pai, o Filho e o Espírito Santo, formam um trio de deidades, sendo, entretanto, considerada uma única pessoa (ou Deus). Uma auto-contradição imposta pela Igreja, uma necessidade do momento, tendo em vista acontecimentos que poderiam desagregar todo o Cristianismo. Tais conceitos de trindade são encontrados por exemplo no Hinduismo – Brahma, Vishnu e Shiva na religião egípcia - Osíris, Isis e seu filho Hórus – e em mais um tanto de credos antigos.

Enquanto nesses credos específicos a trindade não só é aceita de forma matemática como também cada um (dos deuses) tem o seu aspecto e personalidades individuais, no cristianismo, a necessidade de se tornar uma religião monoteísta transformou a trindade em dogma, ou mistério inconcebível para a mente humana. O cristão é obrigado a aceitar sob pena de estar sendo induzido ao pecado essa discrepância matemática.

O credo Atanasiano - Atanásio, Bispo de Alexandria (século IV) – diz:

"Há uma pessoa que é o Pai, outra que é o Filho, e outra que é o Espírito Santo. Mas a Deidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma só; a Glória é igual, a Majestade co-eterna... O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. E, no entanto, eles não são três Deuses, mas um só Deus... Portanto, somos compelidos pela declaração cristã a reconhecer em cada pessoa ser ela Deus e Senhor, também somos proibidos pela religião cristã de dizer que estes sejam três Deuses, três Senhores."

Pensando de modo matemático, a teoria da trindade cristã é inaceitável e por si só, insustentável. A idéia de três pessoas distintas, já implica em três essências separadas e pessoais. Impossível assimilar a existência de três seres sem princípio, infinitos em sua origem. No entanto se existem três personalidades distintas, infinitas, onipresentes e eternas, então existem consequentemente três deuses. Se não são três personalidades infinitas, isso nos condiciona a acreditar que em algum momento alguém foi criado por um ser maior, o que lhe tira a condição de deus.

De alguma forma e em algum momento a teologia cristã migrou da racionalidade para a mitologia, visto que é comum à mente humana deificar grandes personalidades, atribuindo-lhes capacidades e poderes que ultrapassam a condição humana.

Entretanto, conciliar esse conceito de trindade em um só Deus, é de uma complexidade tal que o Reverendo J. F. De-Groot no livro "Catholic Teaching" (Ensinamento Católico) escreve:

"A Mais Sagrada Trindade é um mistério no sentido mais estrito da palavra. A razão sozinha não pode provar a existência de um Deus Triuno, é a Revelação que o ensina. E mesmo depois que a existência do mistério nos foi revelada, permanece impossível para o intelecto humano entender como Três seres têm só uma única Natureza Divina.”

Eu diria que quando a igreja adentrou terreno tão insólito, a teologia da época, imersa em panteões de deuses e semi-deuses, conseguiu deglutir bem o conceito de “mistério” que engloba toda essa questão; se não pela ignorância do povo, pela força da espada. Os arianistas (discorreremos sobre eles num futuro próximo) que o digam.

O mundo mudou, e muitos dos “mistérios” da natureza foram solucionados pela ciência. Aprendemos a manipular o átomo e hoje interferimos na genealogia humana, e os dogmas medievais com certeza também são objetos de discussão, muito embora a fé e a razão não sejam compatíveis.

Galileu provou que a Igreja estava errada, e nosso universo, antes limitado a um sistema terráqueo, hoje conta com bilhões e bilhões de galáxias contendo bilhões e bilhões de estrelas. Nesse tornado de descobertas a própria teologia também sofreria solavancos. Prova disso é o testemunho do teólogo católico Leonardo Boff em seu livro "Trindade, a Sociedade e a Libertação": "Trindade foi consagrada no fim do século 11 por Teófilo de Antióquia e por Tertuliano." , provando portanto que a questão da trindade não é uma revelação divina, mas um movimento humano

A “consagração” explicitada por Boff, exemplifica bem o quanto essa idéia de trindade demorou a “pegar”, visto que no Concílio de Nicéia (325 d.C.), já se discutia sobre as duas naturezas de Cristo, (a humana e a divina), e a deificação do Espírito Santo, durante o Concílio de Constantinopla (381 d.C.).

O que mais impressiona é que Jesus (um dos envolvido nessa questão) jamais disse ser deus, ou fez qualquer comentário acerca da trindade.

Ele inclusive chega a afirmar diversas vezes essa submissão a um ser maior.

“É a Jeová, teu Deus, que tens de adorar e é somente a Ele que tens de prestar serviço sagrado. (Mateus 4:10)

“Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus” (Lucas 18:19)

“Porque meu Pai é maior do que eu” (João 14:28)

“Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (João 7:16)

A trindade, em nenhum momento foi ensinada por Jesus, ou mesmo criada por algum evangelista. Para ele (Jesus) há apenas um Deus e é a esse Deus que ele deveria demonstrar o seu respeito e o seu amor.

O Antigo Testamento também reitera essa máxima “Eu sou Javé, e fora de mim não há nenhum Salvador” (Isaías 43:11).

A trindade cristã sempre foi motivo para discussões, quer pelo seu caráter singular, quer pela matemática usada em sua confecção. Como já foi dito, a fé e a razão não se misturam. Entretanto, a cada dia, mais e mais pessoas se debandam para o lado da razão, abandonando a fé pura e simples. Não que isso signifique a morte de alguma religião, ou credo. Estamos caminhando para uma transição. As perguntas e as dúvidas sempre foram a força motriz de nosso desenvolvimento, o que impulsionou o homem a caminhar e descobrir. Talvez, um dia, num futuro próximo, ao adentrarmos uma igreja, o padre venha nos dizer: “Você tem alguma dúvida, alguma pergunta? Junte-se a nós, vamos pesquisar juntos.” A religião estará definitivamente acoplada a idéia da descoberta voltada para o que há de mais profundo na alma humana e será então uma estrada aberta, não um livro negro fechado e definitivo. Caminhar por ela descobrindo o que somos, e para onde vamos, deve ser a nossa motivação. Afinal, há muito descemos das árvores, aprendemos a andar como bípedes, e estamos prestes a abandonar nosso planeta rumo às estrelas. As idéias medievais (uma época obscura), já foram deixadas para trás faz tempo. Galileu, mesmo ameaçado, não deixou de seguir seu caminho. Porque nós ficaríamos presos a conceitos criados para manter a sobrevivência desse ou daquele credo? A trindade cristã segue apenas duas direções possíveis: ou ela faz parte da fé humana, onde as idéias mais insólitas encontram morada; ou pertence ao ramo das ciências exatas, e simplesmente são descartadas pela sua inconsistência.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Trindade

Bem-vindo ao blog da Trindade. Idealizado por TRÊS pessoas que querem compartilhar com todos os interessados, os benefícios de uma visão mais aberta e ampla de assuntos como ciência, espiritualidade e razão. Continua...

Ronnie, Divino e Wagner
script type="text/javascript"> var gaJsHost = (("https:" == document.location.protocol) ? "https://ssl." : "http://www."); document.write(unescape("%3Cscript src='" + gaJsHost + "google-analytics.com/ga.js' type='text/javascript'%3E%3C/script%3E"));